terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Jejum de Cristo

A passagem em Mateus capítulo 4 é muito conhecida, por ser um dos poucos momentos em que Jesus é colocado fisicamente diante da tentação, dos pratos oferecidos pelo inimigo. O ponto alto do texto é com certeza o momento em que cristo manda o tentador sair usando a palavra de Deus contida no livro de Deuteronômio: - Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto.
A vitória do homem sobre o príncipe do mal, aquele que veio para matar, roubar e destruir, o grande pai da mentira, homicida desde o principio... este ser cruel, de ciladas astutas e poderoso foi derrotado por um único homem. Jesus de nazaré. Este é um dos maiores momentos da história, a primeira vitória do verbo encarnado, a definitiva viria três anos mais tarde, na cruz.
Mas gostaria de resaltar o período que antecedeu este glorioso vitória, o deserto. Jesus se retirou para um deserto onde passou 40 dias, isso mesmo 40 dias, sem comer nada e sem a convivência de nenhuma outra pessoa. Ele conheceu um lado do homem que só poderia conhecer se tornando um, a fome. Literalmente fome, mas qual o efeito da falta de comida para nós? Por que ficar sem comer causa tantos problemas?
Do ponto de vista fisiológico essa resposta é fácil, sem comida morremos lentamente de desnutrição. Então imagino que quarenta dias sem comer nada em um ligar inóspito, o corpo de Jesus estava debilitado, sem muitas forças. Magro e com muita dor de cabeça provavelmente, a presença do Espírito Santo era sua única fonte de sustentação. O sustento espiritual estava garantido, mas o corpo sentiu com certeza os efeitos daquele jejum. Obviamente ficar muito tempo sem comer nos trás problemas físicos, como provavelmente Daniel sentiu durante os vinte e um dias sem carne, suas forças foram diminuídas, é algo que acontece no corpo, com restrição alimentar nós sentimos a falta daquele alimento.
Mas o ato de comer não é puramente físico para nós, é um momento social importante. É a mesa que reunimos as famílias, quando convidamos alguém para as nossas casas preparamos algo para comer. Cada cultura tem no momento da refeição uma marca da sua tradição, o que seriam dos ingleses sem o chá das 5? E os italianos sem a comida da mama? Os brasileiros sem a feijoada de sábado? Ou pior, como seriam os goianos sem pamonhada? Comer faz parte da cultura, e quando nos privamos das refeições estamos abrindo mão do momento social que ela envolve.
Entra neste momento o tratamento emocional de Deus nas nossa vidas durante um jejum, porque comer é um prazer, e sem comer perdemos parte desta satisfação diária. As nossas emoções ficam baladas, menos entusiasmo para fazer as coisas, irritações mais freqüentes. É como se o nosso pavio fosse cortado ao meios e rapidamente estouramos em nervosismo diante de situações em que normalmente não perderíamos o controle. Experimente ficar algumas semanas sem comer as coisas que mais gosta e vai entender perfeitamente do que estou falando.
Não posso afirmar com certeza, porque Bíblia não diz, mas acredito que esse era o estado físico e emocional de Jesus no ultimo dia do jejum. Uma forte preparação de alma para os momentos que estavam por vir, o primeiro e o ultimo confronto com satanás. Ele tinha que estar pronto, e foi o que aconteceu durante aquele deserto, as emoções de Cristo foram levadas ai limite para que Ele pudesse sair vitorioso não ó como Deus, mas também como ser humano.
Começa o embate, satanás se aproxima e lança o primeiro golpe, este contra o corpo. Após quarenta dias sem comer com certeza ele estava com muita fome. Então é tentado a usar o poder de Deus para transformar pedras em pães. Ele era capaz de faze-lo pois transforma água em vinho em outro ocasião. Mas não o faz, ele sabe que nem só de pão viverá o homem, mas principalmente da palavra de Deus. Jesus não fraquejou diante da possibilidade de matar a fome, embora o seu corpo estivesse precisando desesperadamente de comida.
O segundo golpe feio direto na alma, pula que os anjos seguram. Demonstração de poder e autoridade. O ego de Jesus seria massageado, as pessoas vendo aquilo iriam acreditar nele. Manter a calma naquela situação não foi fácil. A tentação de pular e mostrar que os poderosos anjos do Senhor estão ao lado de Jesus iria calar a boca daquele tagarela maldito que se acha. Com certeza após tanto tempo sozinho, sem o momento diário de estar com os seus, sua alma estava abalada. Poderia ter cedido naquele momento e se irritado e gritado, pulado só para mostrar o que pode. Mas consegui manter a calma e se lembrar da palavra, sabendo que não podemos tentar a
Deus.
O terceiro golpe foi no espírito. Se me adorar, te dou o mundo. Essa foi a proposta ousada do diabo. Sabia que o objetivo de Jesus era ganhar o mundo, Deus enviou Jesus por amor do mundo. Naquele momento houve a possibilidade de acabar, a fome, a miséria, a injustiça.... mas o preço não valia ser pago, pois é mandamento de Deus adora somente a Ele .Então veio a vitória finalmente, após toda a tentação de corpo, alma e espírito, Ele mandou embora o tentador. Jesus foi treinado pelo Espírito para enfrentar o momento mais difícil de seu ministério, que viria a acontecer na cruz, quando estaria separado de Deus, e foi aprovado em seu treinamento para a honra e glória do Pai.
O Jejum é o tratamento de Deus em nossas vidas para conseguirmos cumprir o propósito que Ele nos designou nessa terra. Não é um sacrifício, uma alto flagelação, mas a preparação do corpo da alma e do espírito para podermos vencer as tentações e os obstáculos que irão surgir diante de nós. O Jejum completa o tri-pé da nossa formação como guerreiros de Deus. Conhecer a palavra e orar são os outros dois pontos, se faltar um, nossa fé desaba.

Nenhum comentário: